Cadernos do Subterrâneo - Fiódor Dostoiévski
O narrador torna patente o receio da razão vir a assumir um completo controlo do ser humano. Se esta conduz o ser humano às mesmas conclusões, pois proporciona em principio as melhores soluções, isso conduziria o ser humano ao seu inevitável aprisionamento. Com o algoritmo ideal todos chegariam à melhor solução, tornando-se esta a única aceitável. O desejo vem baralhar as certezas e possibilita outras escolhas, por vezes não aconselháveis pela razão.
Dostoiévski apresenta assim os caprichos e os desejos como a liberdade última da vontade humana. Sem eles seria possível prever o comportamento de um ser humano, através de um qualquer algoritmo. Assim, mesmo que os desejos o possam prejudicar, o Homem não abdica deles, pois deve-lhes a sua individualidade. Esta só é possível devido aos caminhos distintos que cada um percorre para alcançar os seus desejos. É nesta pesquisa que o homem adquire a sua humanidade e se afasta da possibilidade de vir a ser uma maquina dominada por um conjunto de operações predefinidas.
Cadernos do subterrâneo foi publicado pela primeira vez na revista Epokha em 1864. Depois deste post vou ler a segunda parte intitulada “Por motivo da neve húmida” e então voltarei a escrever sobre este livro. Quem não quiser comprar o livro da Assírio & Alvim e não estiver disposto a passar numa biblioteca pode ler este livro em inglês através deste sítio dedicado ao escritor russo.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home