Thursday, June 01, 2006

Shohei Imamura (1926 - 2006)

"I am interested in the relationship of the lower part of the human body and the lower part of the social structure on which the reality of daily Japanese life obstinately supports itself."

Shohei Imamura

Morreu anteontem o cineasta japonês Shohei Imamura. Imamura começou a sua carreira como assistente de realização de Yasujiro Ozu. Mas ao contrário deste, que filmava a placidez e a rigidez da sociedade nipónica, Imamura procurava, pelo contrário, encontrar nesta o excesso e a marginalidade.

As personagens de Imamura também gostam de saquê, mas envolvem-se em assassinatos, vivem no mundo da prostituição e roubar faz parte do seu dia-a-dia. Tal como o realizador afirma no texto, que abre esta entrada, aquilo que lhe interessa são, precisamente, os marginais, as suas vivências e um desejo sexual que está sempre latente. Imamura não faz um cinema moralista, limitando-se a contemplar os comportamentos e atitudes com um tom documental. Na realidade, ele não condena e, pode-se dizer mesmo dizer, que, em certos casos, simpatiza com estes. No Doutor Fígado parece-me óbvia a ternura que Imamura nutre por uma prostituta que dá uma nova vida a um médico de aldeia, sem tempo para si próprio.

Shohei Imamura, tal como Nagisa Oshima e Masahiro Shinoda, fez parte do novo cinema japonês, que sucedeu aos grandes mestres: Mizoguchi, Kurosawa, Ozu e Naruse.

Imamura despoletou um cinema japonês que não se esconde atrás de uma imagem idílica da humanidade, mas pelo contrário, mergulha no lado mais negro, obscuro e violento do ser humano.

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