Friday, December 09, 2005

Cahiers du cinéma #607

Comprei a primeira Cahiers du Cinéma em Junho de 1994. Uma revista com o peso histórico que esta tem podia perder a sua grandeza e ser hoje apenas mais uma a competir no mundo editorial, ou pior ainda, ter-se tornado numa revista meramente envaidecida, sem conteúdo. Felizmente é precisamente o contrário. A postura irreverente que caracterizou o período das “capas amarelas” continua bem vivo. Algumas capas da Cahiers du Cinéma escandalizaram inclusive os seus leitores cinéfilos. Colocar o filme Batman na capa em 1989 foi visto como uma provocação. Hoje Tim Burton é um dos maiores autores do cinema de Hollywood.

Mais recentemente começaram a incluir na revista cadernos de apontamentos de vários realizadores. Começaram na edição 602 com Yolande Moreau e Gilles Porte. No número de Dezembro podemos ver os apontamentos de Benoît Jacquot. Estes cadernos permitem descobrir algumas curiosidades sobre a feitura dos filmes.

Tradicionalmente a revista aproveita os números “double zéro” para uma edição diferente. Para isso é convidado um realizador. Para o número 600 foi Takeshi Kitano. Ele brindou os leitores da revista com “Ciné-Manga”. Sessenta e nove fotografias tiradas por Kitano permitem criar várias fotonovelas. Os leitores também eram convidados a realizar as suas próprias histórias.

A edição de Dezembro (nº 607) é feita “avec Michel Piccoli”. Um número dedicado à obra de um dos actores mais estimados do cinema francês. Desde comentários sobre os filmes em que ele participou, até elementos mais pessoais, como as acartas que ele recebeu. Uma delas é de Fritz Lang. É por tudo isto que continuo a comprar esta revista religiosamente.

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