Sunday, July 17, 2005

SN 2005cs

Antes de falar da supernova mais recente um pouco de história...

As supernovas são acontecimentos relativamente raros: em média ocorre uma supernova por século numa galáxia. No século XX tivemos de esperar, na nossa galáxia, até 1987 para podermos observar a supernova que ficou conhecida como SN 1987A. São responsáveis pela formação dos elementos mais pesados do que o ferro. Sem estas não seria possível entregar medalhas de ouro e prata aos melhores atletas nas competições desportivas. A existência na Terra deste tipo de elementos pesados é a prova de que a matéria, a partir da qual se formou o nosso sistema solar, resultou de uma supernova. O Sol é portanto uma estrela de segunda geração, ou dito de outra forma: nós somos filhos de uma supernova.

Uma supernova é um fenómeno extremamente violento que se caracteriza por uma enorme explosão, responsável pela ejecção de material estelar, e por outro lado numa implosão do núcleo central. Dependendo da massa da estrela original, essa implosão pode originar uma estrela de neutrões ou mesmo um buraco negro.

A primeira supernova registada e comentada por astrónomos ocorreu em 1054 D.C. na região da constelação do Touro. A bela nebulosa do caranguejo é o que resta hoje desta supernova. O brilho desta era tão intenso que foi visível a olho nu durante mais de 600 dias, de acordo com o registo feito pelos astrónomos chineses. Esse brilho extraordinário deve-se também ao facto de ser uma das poucas supernovas ocorridas na nossa galáxia. A maior parte das supernovas detectadas é, naturalmente, exterior à nossa galáxia e por isso são mais discretas. Contudo os astrónomos chineses não foram os únicos a registar o evento, o povo índio Sinagua gravou nas rochas esse acontecimento que muito os deve ter impressionado. Os Sinagua viviam num território que hoje faz parte do Novo México, E.U.A. É possível associar as figuras representadas nas rochas a estrelas bem conhecidas como Sirio, Prócion, Plêiades e a própria Lua. A posição destes corpos celestes permite mesmo determinar em que dia foi observada a supernova. Podem ver e ler com mais detalhe aqui.

Gravura feita pelos Sinagua


Nebulosa do Caranguejo

Este exemplo reflecte bem a importância de preservar os poucos registos que temos da nossa pré-história. Lembra-nos a importância de preservar as gravuras paleolíticas do Vale do Côa, pois são o único modo que temos de atingir a alma e conhecer quem foram aqueles homens que habitaram o mesmo espaço muito tempo antes de nós. Falta criar na população portuguesa uma necessidade de ver estes espaços como seus, de modo a serem acarinhados e defendidos por estes. É fundamental que os portugueses tenham orgulho no seu património cultural, pois só assim as verbas disponibilizadas para a sua preservação ou restauro serão apoiadas.

A SN 2005cs foi detectada por Wolfgang Kloehr a 28 de Junho e ocorreu na galáxia M51. Ao contrário da primeira supernova já citada, esta não é observável sem um telescópio ou binóculo.

A revista Sky and Telescope exibe na internet duas fotografias que permitem comparar o antes e depois da supernova. Esta torna-se sem qualquer dúvida o objecto mais luminoso da sua galáxia. É o ponto branco por baixo do centro da galáxia M51.

SN 2005cs

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