Wednesday, October 26, 2005

Paisagem digital #2

Paysage catalan (Le Chasseur) 1923/1924 de Joan Miró

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Monday, October 24, 2005

Tim Burton por Antoine de Baecque

Quando se fala de Cahiers du cinéma pensa-se logo numa revista, mas na realidade existe também uma actividade editorial associada a esta. A última novidade prende-se com um livro sobre o cinema de Tim Burton, da autoria de Antoine de Baecque. Trata-se do co-autor de um livro de entrevistas a Manoel de Oliveira, também editado pela mesma revista. O livro foi editado na sexta-feira passada.

A capa está muito bem conseguida e convida a espreitar as páginas que esconde. Espero que este livro surja por cá rapidamente para eu o poder folhear e apreciar.

Para quem não conseguir esperar pode tentar a Amazon francesa, embora o livro só esteja disponível a partir de 15 de Novembro.

Friday, October 21, 2005

Representações da ciência na arte portuguesa contemporânea

No blogue Linha dos Nodos fiquei a saber que o Museu Nacional da Ciência e da Técnica Doutor Mário Silva, em Coimbra, tem uma nova exposição desde 15 de Outubro, que se vai prolongar até 18 de Dezembro. A exposição intitula-se "E=mc2" e pretende mostrar o modo como a ciência tem inspirado, ou mesmo servido de motivo, para os artistas portugueses contemporâneos. Podem consultar o sítio do Museu aqui.

Espero poder visitá-la proximamente.

Monday, October 17, 2005

Little Nemo in Slumberland

Em 1895 não nascia apenas o cinema mas também outra arte que tem sido ao longo do tempo infelizmente desprezada: a banda desenhada. O nascimento desta arte está associado a The Yellow Kid de Richard Felton Outcault.

A nona arte evolui rapidamente e várias séries de BDs posteriores ao The Yellow Kid vão também ficar famosas. Entre elas destaca-se a obra-prima de Windsor McCay: Little Nemo in Slumberland. A sua obra consegue o milagre de encantar o público da época e o respeito e a admiração dos críticos de BD ao longo de mais de 100 anos.

Na minha BDteca já tenho um livro que reúne as histórias de Little Nemo desde 1905 a 1914 da Evergreen/Taschen. Contudo este livro vai ser ofuscado por uma nova edição...

A grande notícia – dada pelo New York Times – é que foi apresentado oficialmente no passado dia 15 um livro com as páginas de Domingo no tamanho original de Little Nemo.

O autor desta proeza é Peter Maresca, o editor do livro, cuja a paixão por Little Nemo, vai ao ponto de trazer para a actual edição as imperfeições originais das páginas impressas nos jornais!

Depois de uma série de editoras ter recusado este projecto megalómano, foi Art Spiegelman quem lhe sugeriu que o próprio criasse uma editora. Ele aceitou o repto e nascia assim a Sunday Press Book com o propósito de editar este volumoso livro. A impressão dos primeiros 5000 livros demorou 60 horas!

Art Spiegelman, Chris Ware e Patrick McDonnell desfazem-se em elogios em relação a esta edição, como podem ler na página oficial da editora.

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Friday, October 14, 2005

The Blue Gardenia

Amanhã vou ver na cinemateca The Blue Gardenia de Fritz Lang. É na sessão das 19h30 que finalmente irei ver pela primeira vez este filme de 1953. Já era tempo de a cinemateca portuguesa realizar um segundo ciclo dedicado à obra de Fritz Lang. Curiosamente este ano alguns dos filmes americanos de Lang foram exibidos em cópias restauradas em França pela Films Sans Frontières. Pode ser que afinal esse segundo ciclo não esteja assim tão longe.

Como ainda não vi o filme não vou adiantar nada sobre ele, excepto que foi um dos filmes que Fritz Lang realizou com menos meios em Hollywood. O prestígio de Lang estava em queda mas mesmo com poucos meios ele assina um filme que lhe possibilitará prosseguir a carreira e realizar em 1955, o magnífico Moonfleet.

Mais palavras sobre The Blue Gardenia ficam para depois da sessão de amanhã.

Wednesday, October 12, 2005

Paisagem digital #1

Inauguro hoje uma nova rubrica: Paisagem digital. Quadros, fotografias e BDs vão ser os meus convidados. Para começar Gustave Caillebotte. Podem ver mais quadros deste pintor também aqui. Este sítio é dedicado ao impressionismo e merece uma visão atenta.

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Monday, October 10, 2005

O eclipse solar nos primeiros filmes

Uma semana depois do último eclipse alunar solar resolvi voltar a escrever sobre este tema. Mas desta vez vou abordar os três primeiros filmes baseados nos eclipses solares.

O primeiro filme chama-se How He Saw the Eclipse e foi feito em Junho de 1900. Trata-se de uma comédia onde o astrónomo surge como alguém distraído e portanto um alvo fácil para quem o queira ridicularizar. A companhia que produziu o filme foi a célebre Biograph e o operador foi Arthur Marvin. O segundo filme foi realizado em 1905 por Segundo de Chómon e tem o título simples de Eclipse de Sol. Este é o único dos três filmes de âmbito documental e científico. Curiosamente os dois primeiros eclipses solares totais do século XX, na península ibérica, ocorreram a 28 de Maio de 1900 e 30 de Agosto de 1905. Tendo em conta as datas é muito provável que o primeiro eclipse tenha inspirado o filme da Biograph e o segundo eclipse tenha sido filmado por Segundo de Chómon.

Por último em 1907 Georges Méliès realizou Eclipse de soleil en pleine lune. Tal como no primeiro filme, o eclipse solar serve de base para um último gag. Méliès contudo adiciona-lhe também uma paixão entre um Sol e uma Lua antropomórficos. Neste filme o astrónomo é um professor e, tal como no primeiro filme, distraído. Obviamente a figura que ilustra este texto é deste filme. Podem ver uma lista com mais filmes relacionados com o eclipse do Sol ou da Lua aqui.

A figura do cientista como alguém genial, distraído e incapaz de comunicar com os outros é claramente anterior a Albert Einstein. Este só veio contribuir para difundir o mito!

Friday, October 07, 2005

Submissa - Fiódor Dostoiévski

Já aqui escrevi sobre a revista Ficções. Hoje li um dos contos presentes na última revista que saiu. Na realidade é uma novela, como o próprio autor, Fiódor Dostoiévski, a classifica. O título desta novela publicada em 1876 é Submissa. Dostoiévski escreve uma pequena nota introdutória ao leitor a alertá-lo para o espírito algo desordenado da personagem principal: o marido da submissa, principalmente quando este é o próprio narrador. E a verdade é que a história faz justiça ao aviso do autor!

O escritor russo publicou outras novelas, entre as quais: Noites Brancas em 1848. Curiosamente quer esta, quer a que eu li hoje, foram adaptadas ao cinema pelo mesmo realizador: Robert Bresson. Esta última deu origem ao filme Quatre Nuits d’un Rêveur em 1971; enquanto que a Submissa foi adaptada ao cinema em 1969, com o título original de Une Femme Douce.

Ainda não tive oportunidade de ver nenhum destes filmes, mas ambas são um desafio para qualquer realizador, pois como qualquer obra de Dostoiévski, acção passa-se principalmente na mente das personagens e nos pensamentos destas. A melhor demonstração disso está no momento mais dramático de Submissa, onde esta aponta uma arma ao seu marido. No entanto esse episódio que se prestava a uma violência física inusitada, acaba por ser apreendido pelo leitor somente através dos pensamentos do narrador.

Ao dar à novela Submissa uma narrativa algo desordenada, Dostoiévski procura ilustrar o funcionamento da mente de um esquizofrénico. Nas Noites Brancas é utilizado um recurso semelhante: para mostrar a languidez de um eterno sonhador, Dostoiévski recorre a uma narrativa pausada, onde o sonhador está em constante monólogo. Ambas as histórias tem um dado momento onde a personagem masculina parece sair da sua letargia ou isolamento, mas quer num caso, quer no outro é demasiado tarde.

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Thursday, October 06, 2005

Ugetsu Monogatari - DVD

Kenji Mizoguchi era um realizador quase desconhecido para mim, quando tive a oportunidade de ver vários filmes dele na cinemateca portuguesa, no ciclo que esta lhe dedicou. Na realidade, antes desse ciclo em Julho de 2000, só tinha visto no cinema Ugetsu Monogatari – Os Contos da Lua Vaga. Contudo esse filme criou em mim uma impressão tão profunda que tive necessidade de ver outros filmes dele. O problema é que a obra desse realizador era quase invisível. Ainda vi na RTP 2, A Rua da Vergonha, mas só na cinemateca pude ter uma visão mais global da obra dele. Muito ainda há para ver mas daquilo que consegui ver, ficou a imagem de uma cinematografia muito própria e onde as memórias daquilo que cada personagem viveu eram primordiais. Com Mizoguchi, felizmente isso não implica um filme pobre em emoções e aborrecido; pelo contrário, a mestria do realizador faz com que estas surjam com grande intensidade, quer física, quer psicologicamente.

É precisamente Os contos da Lua Vaga, o primeiro filme de Mizoguchi a ser editado pela Criterion. Estará disponível a partir de 8 de Novembro.

Tuesday, October 04, 2005

Prémio Nobel da Física de 2005

O prémio Nobel da física de 2005 foi anunciado hoje e vai ser partilhado por três físicos. Metade do prémio foi para o americano Roy J. Glauber enquanto a outra metade foi para: Theodor W. Hänsch e John L. Hall. Os três vão receber o prémio devido ao seu trabalho na área da óptica quântica.

Glauber desenvolveu um trabalho de âmbito teórico nos anos 60 sobre o comportamento da luz que permitiu estabelecer as bases da óptica quântica. Isso permitiu, por exemplo, clarificar as diferenças entre uma fonte de luz que irradia segundo todas as frequências – como uma lâmpada das nossas casas – e de fontes de luz coerente como o laser que emite apenas segundo uma frequência única.

Os outros dois cientistas (um alemão e outro norte-americano) receberam o prémio Nobel pelo seu contributo experimental para óptica quântica. Desenvolveram uma técnica que permite conhecer com maior exactidão a emissão ou absorção dos fotões pelo átomo. Para isso tiveram de gerar impulso com a duração de femtosegundos para poderem examinar a natureza quântica dos átomos.

Monday, October 03, 2005

Xena e Gabrielle

No dia do eclipse anular solar, o sítio da BBC revela uma nova descoberta pelos astrónomos que descobriram o pretenso décimo planeta: este está acompanhado por um satélite. Os astrónomos que o descobriram querem-no baptizar de Gabrielle – depois da sua sugestão para que 2003 UB313 seja designado de Xena. Trata-se como é sabido de personagens da série de TV norte-americana: Xena: Warrior Princess.

Vale a pena ler o sítio dedicada à descoberta de 2003 UB313 e do seu satélite. Nas imagens divulgadas revelam a existência de satélites a acompanhar os planetas.

São divulgados muitos pormenores sobre o trabalho dos astrónomos e das dificuldades inerentes à descoberta de Xena. Muitas das nossas possíveis dúvidas são respondidas e ficamos a saber que os dados necessários para identificar o décimo planeta estavam disponíveis desde 21 de Outubro de 2003. Porém só a 5 de Janeiro de 2005 – quase um ano e meio depois – é que foi feito o anúncio da descoberta do suposto novo "planeta". A explicação para isto deve-se ao facto de inicialmente o movimento deste ter passado despercebido pois praticamente não se nota o movimento contra o fundo das estrelas fixas, visto estar entre 37 a 98 vezes a distância da Terra ao Sol. Podem ver uma animação das fotografias do Xena no sítio já referido. O 2003 UB313 demora 560 anos terrestres a realizar uma órbita completa.

De notar que o diâmetro provável de 2003 UB313 (2800 km) é maior do que o diâmetro de Plutão (2390 km). Assim, dificilmente se pode aceitar que 2003UB313 não seja um planeta e ao mesmo tempo continuar a classificar Plutão como tal.

A descoberta deste satélite é importante para possibilitar uma melhor determinação da dimensão de Xena. Um planeta mais maciço impõe ao satélite uma órbita mais próxima deste, enquanto que um planeta menos massivo permite que a órbita do seu satélite seja mais afastada deste.

A descoberta deste satélite feio confirmar que uma das áreas mais apaixonantes da astronomia actual encontra-se na cintura de Kuiper. O próprio Kuiper nunca deve ter tido essa percepção.

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